Together: Cartinha de Natal

Querido Papai Noel,

Eu sei que a última carta que lhe enviei foi há mais de 15 anos atrás, e confesso que foi um choque e uma tristeza muito grande quando me contaram que você não era real. Mas com o passar dos anos, descobri que a realidade não é assim tão mágica e divertida, e acho que não tem problema em ainda acreditar só um pouquinhozinho que você existe. É por isso que hoje escrevo a você.


Talvez eu não tenha sido uma boa menina. Não 100%, sabe. Eu não dei o melhor de mim em tudo que fiz, perdi muitas oportunidades e eu quis dar um soco em alguém em mais de um momento nos últimos doze meses. Sei que essas não são atitudes que me renderiam um presente no final do ano, embora eu ache esse método muito meritocrático e, bem, não acredito mais em meritocracia. A gente vai crescendo e percebendo a quantidade de mitos que nos contam ao longo da infância.

Mas tem uma coisa na qual ainda acredito: na bondade das pessoas. Na sua, na minha e na de todo mundo. Acho que ninguém é 100% bom o tempo todo, mas não acho que exista alguém desprovido de bondade. E meio que é isso que me mantém seguindo em frente. O bom de ser grande é que a gente pode simplesmente escolher no que acreditar.

Agora, eu sei que você deve estar esperando que eu peça alguma coisa. Afinal, para que mais as pessoas escrevem cartas a você, não é mesmo, Papai Noel? E é verdade que eu tenho algo a pedir. Muitas coisas, eu queria. Coisas materiais. Porém, quanto mais penso nelas, menos vontade tenho de pedi-las a você. Porque o seu presente teria que ser algo muito especial. Algo muito além do que eu poderia comprar com qualquer dinheiro. Algo que tivesse a mesma magia e sobrenaturalidade que você tem.

A verdade é que a única coisa que eu teria a pedir a você hoje é que todas as pessoas conseguissem se amar e respeitar. Ou que sentimentos como rancor e ódio não existissem. Que todo mundo pudesse viver em harmonia. E eu sei que esse é um presente que não cabe a você me dar, ou a qualquer pessoa. Mas como eu disse, quando a gente fica grande a gente pode escolher no que acreditar.

Então, eu só quero concluir essa carta com um simples, mas carregado obrigada. Obrigada por ter feito a minha infância mais mágica e feliz, obrigada por me lembrar da chama de uma época que eu tinha esquecido, mas escrevendo essa carta, reacendeu e iluminou um pouco mais esses dias tão cinzas e difíceis.

Agora, você continua presente. Para minha filha, você é o bom velhinho que carrega um pouco da magia que eu vejo nos grandes olhos dela. E assim vai, de geração a geração. Porque quando a gente cresce, vemos que não precisamos de mais do que já temos, os presentes da vida estão aqui mesmo, nos olhinhos brilhantes, na luz do sol e no simples fato de estarmos vivos. E é nisso que resolvi acreditar.

Com amor e nostalgia,

Desejo um Feliz Natal a todos!

Esta postagem fez parte da Blogagem Coletiva de dezembro do Together, um projeto para unir a blogosfera! Para saber mais, é só clicar no nome do projeto! ♥